Estamos vivendo um momento sem precedentes na história.
A curva crescente dos casos de coronavírus, nos obriga a ficarmos confinados dentro de nossas casas. Para tentar diminuir a ociosidade, assistir um bom filme parece interessante. Na busca de tentar matar o tempo, despertou a minha curiosidade o filme com o tema “O Poço”. Este, trata de um futuro distópico em uma prisão vertical. Como um prédio com vários andares, e em cada andar, um quarto comportava dois prisioneiros. Ao centro do quarto, um buraco quadrado servia de passagem para uma plataforma, que uma vez ao dia, se locomovia com comida andar por andar, parando dois minutos em cada. O protagonista do filme, Goreng, entrou na prisão voluntariamente, na esperança de se ver livre do vício do cigarro e receber um certificado. O filme é bastante impactante, isto porque, a plataforma com comida não é suficiente para atender a demanda de todos andares. Os prisioneiros dos andares superiores, tem privilégios
em relação aos demais, e se alimentam mais do que realmente precisam. Goreng, por sua vez,
fica impressionado com tanto egoísmo e tenta convencer os prisioneiros a racionarem a comida
para que chegue em todos os andares. Os prisioneiros passam 30 dias em cada andar, isso significa que é possível que em um mês estejam nos primeiros andares, mas em outro, nos últimos. E foi o que aconteceu com Goreng, acordou amarrado em um andar baixo por um colega de quarto. Para completar seu desespero, o colega informa que irá comê-lo, mas não irá matá-lo. Todos os dias, irá retirar um pedaço e atar suas feridas para que não apodreça. Quando o fere, a fim de comer um pedaço de sua carne, vem uma moça, que vaga pela prisão através da plataforma, e o salva. Nesse momento, ele mata o companheiro de cela e come seus pedaços na tentativa de sobreviver. Interessante lembrar, que quando ele chega a prisão, não era um assassino, mas alguém culto e que tinha nojo até de se alimentar dos restos de comida. Goreng, resolve convencer um outro companheiro de cela, a tentarem quebrar o sistema, e construir através da força, uma espécie de solidariedade compulsória. Ele chega até o andar 333, praticamente desfalecido, encontra uma criança e compreende que precisa enviar uma mensagem para administração, e que essa mensagem era a criança. A mensagem era de esperança.Na filosofia de Immanuel Kant, a lei moral dentro dele era uma condição tão latente, quanto as estrelas acima dele. Ele cria então, um imperativo categórico que dizia exatamente assim: “Age de tal forma, que a máxima de sua ação, possa valer como lei universal”. Ou seja, faça aquilo que você quer que façam com você. O que isso tem haver como o filme referido e com o isolamento social devido ao coronavírus? Na verdade quero trazer um pensamento crítico ao filme, que embora trate de luta de classes, não somente o é. Mas uma mudança de comportamento em detrimento a uma momento extremo. Meu intuito é trazer uma reflexão de como nós, seres humanos, quando nos vemos sem saída, somos capazes de mudar nossos
conceitos morais em busca de um alívio imediato. Nos tempos de coronavirus, tenho visto ruas vazias e supermercados cheios de gente. Cada um comprando mais do que precisa, comendo mais do que necessita. Sem o mínimo de preocupação, com os vizinhos e pessoas menos favorecidas. Muitos de nós, dizemos não ter estômago para assistir um filme tão pesado, com tantas cenas de canibalismo e coisas repugnantes. Mas sinceramente? A realidade que estamos vivendo é um pouco parecida. É importante refletirmos sobre nossas convicções morais e, nossas atitudes com nossos
semelhantes. Porque ao meus olhos, me parece mais repugnante.
Que possamos fazer ao próximo o que queremos que eles nos façam.
Adna Peixoto é estudante de direito pela Unifavip e formada em ciências contábeis pela Universidade Norte do Paraná. Também é uma curiosa em comportamento humano.
Redação Caruaru 24h.