De acordo com as investigações, o trio assassinava as mulheres como parte de um ritual de purificação
Jorge Beltrão, Isabel Cristina e Bruna Oliveira. Nomes comuns que marcaram a vida das família de Jéssica Camila da Silva, Alexandra Falcão e Giselly Helena. Mais conhecidos como os “Canibais de Garanhuns”, o trio teve um aumento, ao todo, de 11 anos de prisão nas suas penas, em decisão unânime da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A soma de todas as penas dos três acusados agora é de 285 anos.
O recurso foi solicitado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) por considerar que as penas, estabelecidas em júri popular em 2014, deveriam ser mais severas por conta da gravidade dos crimes de homicídio qualificado, esquartejamento e vilipêndio, quando se despreza ou humilha o corpo.
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A medida, que transitou em julgado na última segunda-feira (15) é referente ao assassinato de Jéssica Camila da Silva em 2008, que na época tinha 17 anos. A não ser que siga para instância federal, a decisão não cabe mais recurso. Até então, Jorge Beltrão Negromonte da Silveira estava condenado a 21 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver, além de seis meses de detenção por vilipêndio.
Agora, a pena de Jorge é de 27 anos de cárcere e um ano e meio de detenção. Já Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva estavam condenadas, cada uma, a 19 anos de prisão e um de detenção. O aumento da pena alterou para 24 anos de reclusão e um de detenção.
Relembre o caso
Jéssica Camila foi assassinada em 2008, em Rio Doce, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, mas o crime só foi descoberto quatro anos depois, em 2012, quando partes do seu corpo foram encontradas na parede da casa dos acusados. Jéssica era vendedora de doces em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e foi escolhida pelo trio por ser considerada um alvo fácil e por ter uma filha. Após o assassinato de Jéssica, Bruna Oliveira se passou pela mãe da criança, falsificando os documentos.
O grupo fazia parte de uma seita chamada “Cartel”, que foi fundada por Jorge Beltrão, e considerava Jéssica impura. Na época, eles alegaram que os crimes faziam parte de um ritual, o qual o corpo da vítima era dividido e o sangue servia como uma “maneira de se purificar”. O grupo também admitiu o consumo da carne humana para que houvesse uma “maior purificação”.
Outros crimes
Jorge, Isabel e Bruna passarão mais tempo presos, já que ainda existe a condenação de outros dois assassinatos cometidos em 2012 de duas mulheres: Alexandra Falcão, 20, e Giselly Helena, de 31 anos, em Garanhuns, no Agreste do Estado. O grupo foi condenado em dezembro de 2018 por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emprego de crueldade e impossível defesa da vítima.
Jorge e Bruna, por falsificarem documentos, também foram condenados por estelionato e Bruna ainda por falsa identidade, o que aumentou as respectivas penas. Nesses crimes, Jorge Beltrão teve a pena de 71 anos de cárcere, enquanto Isabel Pires e Bruna Cristina foram condenadas a 68 e 71 anos de prisão com 10 meses de detenção, respectivamente.
O trio foi preso em 2012 quando a polícia descobriu o uso indevido do cartão de crédito de uma das vítimas. A filha de Jéssica, a primeira vítima, que morava com o grupo, identificou o local em que os corpos estavam enterrados.
O caso dos “Canibais de Garanhuns” repercutiu na mídia nacional pela barbaridade dos crimes, incluindo canibalismo e a venda de salgados com carne humana. Hoje, as duas mulheres estão presas na Colônia Penal Feminina de Buíque, no Agreste, e Jorge está recluso na Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife.
FOLHA-PE