Ao todo, foram 341 vidas salvas no período, em relação a 2018. Os 90 dias iniciais do ano foram ainda os com o menor número de assassinatos de mulheres desde a implantação da atual metodologia de contagem dos homicídios, em 2004. No março que completou uma série de 16 meses consecutivos de redução nos crimes contra a vida, a queda se deu em todas as regiões. Não houve CVLI em 94 municípios pernambucanos mais Fernando de Noronha_
O primeiro trimestre de 2019 apresentou uma redução de 27,6% nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) em Pernambuco, no comparativo com o mesmo período de 2018. Houve 896 homicídios entre 1º de janeiro e 31 de março deste ano, contra 1.237 no trimestre do ano anterior. A diferença, portanto, foi de 341 vidas poupadas. Março de 2019 manteve a curva descendente de crimes contra a vida, iniciada em setembro de 2017, e completou 16 meses consecutivos de retração em relação aos mesmos meses do ano antecessor. Ao todo, foram 316 CVLIs no mês passado, 53 ocorrências a menos que as registradas em março de 2018 (369 vítimas), representando um declínio de 14,4%.
A redução dos homicídios foi atestada em todas as regiões, seja na análise trimestral ou quando focamos no comparativo dos dois últimos marços. No primeiro trimestre de 2019, os maiores recuos se deram na Zona da Mata, com -31,73% (caindo de 249, em 2018, para 170, este ano), e na Região Metropolitana do Recife (exceto Capital), com diminuição de 31,37% (passou de 373 para 256). A terceira região com maior declínio foi o Sertão (-29,93%, saindo de 137 para 96), seguida pelo Agreste, onde os CVLIs despencaram de 310 para 233 (-24,84%). Já o Recife apresentou uma retração de 16,07% nos três primeiros meses deste ano (teve 168 vítimas, em 2018, e 141, em 2019).
Quando colocamos a lupa sobre março deste ano, em confrontação ao mesmo mês de 2018, o maior percentual de queda veio do Sertão, com -32,61% (31, em 2019, contra 46, no ano anterior). Praticamente empatados na casa dos 20% de diminuição, seguindo a mesma metodologia, estão a Zona da Mata (passou de 67, em 2018, para 53, este ano) e a cidade do Recife (caiu de 55 para 44). O Agreste teve redução de 8% (de 100 para 92) e a RMR (exceto Capital) declinou 4,95%, ao sair dos 101 registros, no penúltimo março, para os 92 casos ocorridos no mês passado.
“É significativo para todos os que fazem a segurança chegar a essa longa sequência de 16 meses com queda em relação ao ano anterior. No ano de estatísticas mais baixas de homicídios da história do Pacto pela Vida, em 2013, foram alcançados 6 meses consecutivos de diminuição (entre janeiro e junho daquele ano) em relação ao mesmo período de 2012. De lá para cá, as séries foram quebradas antes de completarem 3 ou 4 meses”, analisou o secretário Antonio de Pádua. Ele fez ainda alguns recortes estatísticos de março de 2019: “foi o de menor letalidade policial, com duas mortes, em um período de 39 meses. Somente dezembro de 2015 teve menos pessoas vitimadas em confrontos com os agentes de segurança. A Área Integrada de Segurança (AIS) 1, que engloba 11 bairros centrais do Recife, dentre eles Santo Amaro, Boa Vista, São José, Cabanga, Ilha do Leite e Joana Bezerra, registrou um CVLI em 31 dias. Foi a menor incidência nessa região em 48 meses. Não comemoramos porque nosso objetivo é preservar a vida de todos. Por isso, estamos intensificando os trabalhos. Só no mês passado, foram 159 homicidas presos em cumprimento de mandados, além de 91 criminosos detidos em flagrante. Para chegar a patamares menores de violência, contamos com a parceria dos municípios na execução de planos de prevenção, educação, inclusão, esporte, lazer, iluminação pública e ordenamento urbano. É preciso avançar em áreas complementares às ações propriamente de segurança pública”, ressaltou o titular da pasta de Defesa Social.
*MENOR CVLIs DE MULHERES DESDE 2004* – Três mulheres foram vítimas de feminicídio em março de 2019, o que representa 57,1% de diminuição nesse tipo de homicídio em relação ao mesmo mês de 2018 (7 casos). No primeiro trimestre deste ano, houve 15 feminicídios, contra 18 registrados entre janeiro e março do ano passado. O recuo, portanto, foi de 16,7% nessa comparação.
Ainda no 1º trimestre deste ano, houve 49 CVLIs de mulheres, número mais baixo já registrado para esse período desde 2004, quando os homicídios no Estado passaram a ser contabilizados dentro da atual metodologia de coleta e análise criminal. Nessa linha do tempo, o primeiro trimestre menos violento para as mulheres havia sido, até então, em 2012, com 54 mortes de pessoas do sexo feminino entre 1º de janeiro e 31 de março daquele ano. No recorte específico de março de 2019, houve 18 mortes de mulheres nesses 31 dias. Foi o março com menor estatística desde o mesmo mês de 2008, quando tivemos 16 vítimas.
*ESTUPROS DIMINUEM NO MÊS E NO TRIMESTE* – Os estupros também caíram no Estado, seja na soma dos três primeiros meses ou quando levamos apenas março de 2019 em consideração. No 1º trimestre de 2019, 519 queixas desse tipo de crime foram prestadas, contra 647 no mesmo período de 2018. Os 128 casos a menos representam um declínio de 19,78%. Quando o foco se dá em março passado, a retração dessa violência sexual foi de 13,81%: passou de 210, em 2018, para 181 notificações em 2019.
Na contramão dos estupros, dos CVLIs de mulheres e dos feminicídios, as queixas de violência doméstica contra a mulher aumentaram, tanto no comparativo do mês de março quanto na análise do 1º trimestre. Foram 3.681 casos reportados à polícia no mês passado, contra 3.615 registros no mesmo período de 2018. As 66 denúncias a mais representaram um aumento de 1,83%. No recorte trimestral, houve 8,96% de crescimento no comparativo de janeiro a março deste ano com o período análogo de 2018 (subiu de 9.783 para 10.660, o que significa uma diferença de 877 notificações para mais).
“A violência doméstica, que inclui agressões físicas, morais e psicológicas, costuma ser silenciosa, pois em geral é praticada no seio da família, em um círculo muito restrito, e ainda existe a vergonha e o medo de denunciar o agressor. O aumento das queixas significa que estamos reduzindo a subnotificação histórica desse tipo de crime, a partir do encorajamento das mulheres, e podendo atuar a tempo de frear o ciclo progressivo de violência e prevenir um possível CVLI”, diz Antonio de Pádua.
*TRÁFICO DE DROGAS LIDERA MOTIVAÇÕES* – O tráfico de drogas e demais atividades criminosas continuam sendo as principais motivações de crimes contra a vida no Estado. Dos 896 homicídios registrados no primeiro trimestre deste ano, 67,75% foram motivados por envolvimento com o tráfico de drogas, acerto de contas ou outras atividades criminais. Em seguida, vieram os conflitos na comunidade, com 171 casos (19,08%). Conflitos afetivos e familiares tiveram relação com 34 casos (3,79%). Latrocínios representaram 3,35% e outras motivações, 2,01%.
Já no mês março, das 316 ocorrências, 74,68% tiveram origem no tráfico e outras atividades criminosas. Enquanto isso, os conflitos na comunidade, com 48 casos, foram responsáveis por 15,19%. Conflitos afetivos e familiares tiveram relação com 12 casos (3,80%). Latrocínios representaram 2,53% e outras motivações, 1,90%.
*LATROCÍNIOS DESPENCAM* – Com seis ocorrências registradas de latrocínio, março de 2019 foi o período com menor incidência desse tipo de crime nos últimos 50 meses. De acordo com os registras das polícias Civil e Militar, esse número representa uma redução de 62,50% em relação a março de 2018 (16 ocorrências) e só ficou acima das estatísticas de janeiro de 2015, quando foram notificados 5 crimes do tipo. Quando se compara os três primeiros meses de 2019, a retração para o mesmo período de 2018 é de 34,78%. Ao todo, foram 30 ocorrências, neste ano, contra 46 em 2018.
Em março de 2019, 94 municípios pernambucanos, além do distrito de Fernando de Noronha, não registraram nenhum homicídio. Confira a lista abaixo:
Água Preta, Alagoinha, Aliança, Altinho, Araçoiaba, Belém de São Francisco, Betânia, Bodocó, Brejão, Brejinho, Buenos Aires, Cabrobó, Cachoeirinha, Caetés, Calçado, Calumbi, Camutanga, Canhotinho, Capoeiras, Carnaubeira da Penha, Casinhas, Cedro, Chã de Alegria, Chã Grande, Cortês, Cumaru, Custódia, Dormentes, Exu, Fernando De Noronha, Flores, Gameleira, Glória do Goitá, Granito, Iatí, Ibirajuba, Iguaraci, Ingazeira, Ipubi, Itacuruba, Itaíba, Itapetim, Jaqueira, Jataúba, Jatobá, Joaquim Nabuco, Jucati, Jupi, Lagoa do Ouro, Macaparana, Manari, Mirandiba, Moreilândia, Nazaré da Mata, Orobó, Orocó, Palmeirina, Panelas, Paranatama, Parnamirim, Pedra, Petrolândia, Poção, Quipapá, Quixaba, Riacho das Almas, Salgadinho, Saloá, Santa Cruz, Santa Cruz da Baixa Verde, Santa Filomena, Santa Maria da Boa Vista, Santa Maria do Cambucá, Santa Terezinha, São Benedito do Sul, São Caetano, São João, São Jose do Egito, Serrita, Sertânia, Sirinhaém, Solidão, Surubim, Tacaimbó, Terezinha, Terra Nova, Tracunhaém, Trindade, Triunfo, Tupanatinga, Tuparetama, Verdejante, Vertente do Lério, Vertentes e Xexéu.