Pelo menos nove mulheres foram estupradas pelo médico da Upa da Imbiribeira, o ortopedista Kid Nelli Souza de Melo, de 35 anos, desde 2016, afirmou a Polícia Civil em entrevista coletiva nesta sexta-feira (2). A possível décima vítima está sendo ouvida na tarde desta sexta. Ainda segundo a polícia, em depoimento, Kid Nelli confirmou que teve relação consentida com duas das vítimas que prestaram queixa contra ele. As demais, ele nega.
Toda a investigação para prender o médico foi iniciada após uma jovem de 18 anos denunciar o caso no dia 21 de fevereiro de 2018. As vítimas têm entre 18 e 39 anos.
A Delegada Ana Eliza explica que esse número não está fechado e que a Delegacia se mantêm aberta para, se houver, ouvir novos depoimentos das vítimas.
“Esperamos que com a divulgação do nome e da foto do criminoso, se houver outros casos, outras vítimas se encorajem para prestar depoimento e registrar esses abusos”, esclarece.
O pontapé da investigação
Quanto ao caso mais recente da jovem de 18 anos que prestou queixa na Delegacia da Mulher, em Santo Amaro, no dia 21 de fevereiro de 2018, a delegada Ana Eliza Sobrera afirma que Kid Nelli não negou o abuso. Questionado sobre a possibilidade de recolher o material genético dele para confrontar com o exame que havia sido realizado na vítima, Kid disse não haver necessidade.
“Ele disse que ‘realmente, não precisa realizar o exame porque eu mantive relação sexual com ela e o material que está lá é meu”, explicou a delegada.
Ainda segundo a polícia, esta jovem foi a única que relatou ter uma diálogo maior com o criminoso. As outras oito vítimas afirmaram terem ficado tão constrangidas, que não conseguiam questionar os pedidos indecentes do médico. Segundo os depoimentos delas, Kid pedia para que as pacientes ficassem nuas independente do tipo de atendimento.
“Elas relatam que ficaram tão mal, que não conseguiam gritar. Estavam travadas”, diz a delegada.
Foi assim que mais uma paciente relata ter sido abusada sexualmente pelo criminoso em série – como nomeou a Polícia Civil de Pernambuco. A jovem se submetia a uma cirurgia nos tendões e estava anestesiada quando o crime aconteceu. Logo ao deitar na cama, o médico teria tentado tirar a calcinha da vítima e ela teria tentado impedir.
“A mulher conta que se lembra de umas cenas rápidas do médico cometendo o abuso na sala. A certeza veio quando ela chegou em casa e foi tomar banho. Ao sentir dores na genitália, colocou um espelho e viu que havia sido abusada por algo que não conseguiu descrever – um objeto ou o próprio órgão do médico”, conta.