Inicialmente eu gostaria de me dirigir a todos e todas presentes e parabenizar aos que aqui estão, pois nessa noite estaremos dialogando de forma breve, mas, necessária sobre a importância de algo que por diversas vezes é duramente criticado, porém, ninguém vive sem, que é a Cultura.
Em especial hoje iremos nos dirigir efetivamente há uma classe de trabalhadores e trabalhadoras que curiosamente, segundo estatísticas e estudos divulgados recentemente, são responsáveis por uma geração de renda superior as indústrias farmacêutica e têxtil em nosso país.
Segundo relatório da MPA a (Motion Pictures Association), o impacto direto do audiovisual na economia brasileira é de R$ 24,5 bilhões de reais. Somando-se ainda o impacto indireto e induzido, a conta do impacto no PIB sobe para R$ 56 bilhões de reais.
Em relação a tributos, a geração direta é de R$ 3,4 bilhões, mas somando-se os tributos indiretos e induzidos, o total é de R$ 7,7 bilhões ao ano.
Em termos de empregos gerados, os números são igualmente superlativos: são 657 mil empregos diretos, indiretos e induzidos, ou 126,6 mil contando-se apenas a geração direta.
Para termos uma ideia, só na cidade de São Paulo a cadeia produtiva do audiovisual em suas mais diversas formas de produção anualmente empregam cerca de 210 mil pessoas, além de outras 290 mil de forma indireta o que movimenta cerca de 5 bilhões de reais no próprio setor audiovisual e outros e outros 6 bilhões em áreas relacionadas.
E o que seriam essas áreas relacionadas?
Desde o mercadinho onde são comprados os insumos para cada produção, locadoras de carro, lojas de tecido, empresas de aluguel de equipamentos, hotéis e até o pessoal que entra como figurantes nessas cidades onde as produções acontecem.
Tomei a cidade de São Paulo inicialmente como referência, por se tratar de um polo de produção de bastante expressão para o setor no Brasil e para contextualizar a realidade que desconhecemos sobre esse setor e assim, estreitar a discussão deslocando esse espaço geográfico para o nordeste, ou melhor, para nosso estado, o estado de Pernambuco, e dar luz a esses dados e quem sabe despertar os olhares de investidores em potencial que rodeiam nosso território para o investir nessa área e contribuir para esse desenvolvimento econômico de forma mais expressiva.
Enfim, acho interessante destacar que desde o ano de 2001 foi criada através da medida provisória 2228-1 a ANCINE – Agência Nacional do Cinema, que é uma agência reguladora que tem como atribuições o fomento, a regulação e a fiscalização do mercado do cinema e do audiovisual no Brasil.
Sendo essa uma autarquia especial, vinculada ao Ministério do Turismo, com sede e foro no Distrito Federal, Escritório Central no Rio de Janeiro e escritório regional em São Paulo.
Ou seja, existe uma ferramenta ou mecanismo real de fiscalização do que se produz no Brasil e mais que isso, podemos hoje dizer que através de leis de incentivo que perpassam pelo crivo da lógica operacional que advém deste órgão, se faz possível realizar produções que outrora com a extinção da EMBRAFILM já não mais se fazia possível no país.
Mas, agora que estamos um pouco mais contextualizados nesse sentido, vamos de fato ao que nos interessa!
Aqui em Pernambuco desde o ano de 2007 existe um Fundo de cultura exclusivo para promover e fomentar a produção audiovisual que é o Funcultura Audiovisual.
Este é alimentado a partir de arrecadações sobre Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (o ICMS), e atua como principal fonte de recursos para o setor.
Para termos uma ideia só de 2007 a 2021 foram investidos mais de 43 milhões de reais nesse fundo que vem se democratizando e de certa forma, também se regionalizando.
“A ideia é que possamos através de momentos como esse e também de reuniões, encontros e até mesmo audiências públicas juntos com as trabalhadoras e os trabalhadores do setor, discutir e construir por meio do diálogo ações que culminem em uma política pública efetiva que trate do setor audiovisual em Caruaru”.
Sabemos que com esse investimento recente advindo dos recursos da Lei Paulo Gustavo, teremos uma produção de bastante expressividade em todo o país e obviamente nos interiores, o que só reforçará a necessidade de uma descentralização de investimentos e da tão buscada regionalização de recursos do setor e possivelmente a revelação de produtores e produtoras, realizadores e realizadoras do setor audiovisual em potencial que têm pouca ou nenhuma visibilidade até aqui.
Outro gargalo para esse setor que venho observando nas entrevistas e em alguns artigos sob os quais me debrucei, trata da distribuição do material produzido, e isso não é pauta para discutirmos agora, mas é lógico que devemos atentar para essa realidade e fazer ecoar d alguma forma também nesse momento essa queixa de tatos realizadores e realizadoras.
Encerrando aqui, gostaria de dizer que podemos sim buscar formas de mostrar essa produção em nosso município, Caruaru é uma cidade referência no que diz respeito a cultura e o audiovisual pernambucano é algo que tem que começar a ser pauta nessa cidade de forma cada vez mais intensa.
Antes de encerrar gostaria de frisar que ainda ano passado tivemos o filme Espumas ao Vento do diretor Taciano Valerio na mostra competitiva do 55° Festival de cinema de Brasília, o que aponta para a importância do cinema aqui de Caruaru enquanto força produtiva em pé de igualdade com as grandes obras do cinema brasileiro, assim como a obra do querido Claudio Assis, autor de filmes como Amarelo Manga, Baixiu das Bestas e Piedade
Mas, a nossa noite é de homenagens e reconhecimento por trabalhos realizados até aqui por três pessoas que mesmo com todas as limitações impostas pelo espaço geográfico e o acesso a recursos advindos do setor audiovisual produzem e fazem lindas obras que estão rodando em festivais e sendo premiadas, o que muito nos orgulha.